Casa

Na Rua Araguari, 1000, no Santo Agostinho, está uma casa que guarda histórias. Muitas delas se misturam à própria trajetória da arquitetura brasileira. Nossa casa foi desenhada por Oscar Niemeyer em 1943, a pedido do então governador Benedito Valadares, como presente para sua filha Helena, casada com o escritor Fernando Sabino.
Já naquela época, Niemeyer deixava claro que sua arquitetura não queria se parecer com nada que existia antes. O formato em “U” e as curvas delicadas anunciavam uma modernidade fresca, ousada, mas também acolhedora. Na fachada, um cobogó geométrico deixa a casa respirar. Na lateral, azulejos portugueses azuis e brancos — originais — mantêm a marca orgânica e leve de um tempo em que arquitetura e arte se falavam sem pressa.
O jardim tem assinatura de Burle Marx: caminhos sinuosos, volumes baixos e espécies nativas que conectam dentro e fora como se não houvesse fronteira. No meio de tudo, uma árvore pau-mulato monumental. Sua casca, que descasca ao longo do ano, troca de cor e faz da árvore uma espécie de calendário vivo.
É nesse cenário que hoje vive o Zuzunely. Desde agosto de 2024, temos a alegria de continuar a história da casa com outra forma de arte: a culinária. Aqui, memória e afeto se encontram não só nas paredes, mas nos pratos, nas escolhas e nos encontros. Um dos salões ganhou o “Espaço Fernando Sabino”: uma biblioteca colaborativa, aberta a quem quiser folhear, levar ou doar livros. Porque acreditamos que boas histórias, assim como bons sabores, são feitas para circular.
